Como Domar o Sabotador Interno e Parar de Sabotar Seus Relacionamentos
- Lumini RH
- 17 de jul.
- 4 min de leitura

Introdução: onde nasce o “sabotador interno”
Você já se pegou afastando exatamente aquela pessoa que parecia tudo o que você buscava? Essa força misteriosa que cria desculpas (“não é a hora certa”, “vou perder minha liberdade”, “ele(a) vai me magoar”) é o sabotador interno – tema central deste artigo. A psicologia define a auto‑sabotagem como qualquer comportamento consciente ou inconsciente que contraria seus objetivos de longo prazo. Segundo um estudo que avaliou mais de mil adultos, 63,3 % admitiram ter sabotado pelo menos um relacionamento significativo.
Neste texto, vamos explorar:
Por que nos sabotamos.
Sinais práticos de auto‑sabotagem amorosa.
Exercício de diálogo interno para “dar voz” ao sabotador.
Estratégias baseadas em evidências para silenciar essa parte de você.
O que é o sabotador interno?
Por trás do sabotador existe um mecanismo de autoproteção. Ele surge para evitar dor, rejeição ou sensação de incompetência. Como escreveu Carl Jung, “aquilo a que resistimos, persiste” – quanto mais tentamos ignorar nossos medos, mais eles encontram rotas indiretas para se manifestar.
Sabotagem ≠ Fraqueza de caráter
Adaptativo: muitas vezes se origina de traumas ou experiências passadas; é a melhor solução que o cérebro encontrou lá atrás para se sentir seguro.
Automático: ocorre antes mesmo de percebermos, em milésimos de segundo.
Reversível: com consciência e treino, podemos reprogramar essas respostas.
Por que nos sabotamos nos relacionamentos?
1. Defesas emocionais e experiências passadas
Se você já foi ferido, seu cérebro aprende que se envolver = risco. Resultado? Comportamentos como se fechar, criticar demais o parceiro ou terminar na primeira briga. Pesquisadores da Journal of Couple & Relationship Therapy identificaram três fatores‑raiz: defensividade, dificuldade de confiar e habilidade relacional limitada.
2. Medo de perda de liberdade
Muita gente associa afeto a “peso”. Se, na infância, afeto vinha acompanhado de cobrança ou falta de espaço, seu corpo dispara alarme quando a intimidade aumenta – mesmo com um parceiro saudável.
3. Crenças limitantes
Frases internas como “amor não dura”, “todos traem”, “não sou suficiente” funcionam como ordens para o cérebro buscar confirmação e sabotar qualquer cenário oposto.
Sinais de que você está se sabotando
Procrastinação afetiva: marca encontros e desmarca em cima da hora.
Crítica exagerada: foca em defeitos mínimos do outro para justificar fuga.
Comparação constante: “o ex dela era melhor que eu” → ansiedade → afastamento.
Testes secretos: provoca ciúme para “ver se ele(a) se importa”.
Autodesqualificação: sente que “não merece” aquela relação e some.
Se identificou dois ou mais itens? Hora de investigar mais a fundo.
O peso dos números: o que dizem as pesquisas
63,3 % já sabotaram um relacionamento (estudo de 2024). Rula
696 entrevistados mostraram que o medo de intimidade foi o gatilho nº 1 de sabotagem. Forbes
Pesquisas sobre a Relationship Sabotage Scale confirmam três dimensões centrais: retraimento, hipercrítica e testes de fidelidade. BioMed Central
Esses dados reforçam que o sabotador não é exceção – é quase norma humana. A boa notícia: estatística não é destino.
Exercício prático: dando voz ao sabotador interno
“Antes de diagnosticar‑se com depressão ou baixa autoestima, primeiro certifique-se de que não está apenas cercado de idiotas.” – Sigmund Freud
Passo a passo
Escrita livre (5 min): sem filtro, escreva o que sente quando um relacionamento em potencial se aproxima.
Personifique o sabotador: imagine que ele tem voz.
Ex.:Sabotador: “Se você se envolver, vai perder foco nos seus projetos.”Você: “Posso gerenciar meu tempo e ainda construir algo a dois. Relacionamento saudável soma.”
Contra‑argumente com fatos: lembre‑se de casais que se apoiam e prosperam.
Agradeça e redirecione: “Obrigado por tentar me proteger, mas escolho agir apesar do medo.”
Faça isso sempre que notar vontade de recuar. O diálogo reprograma rotas neurais, substituindo o medo por escolha consciente.
Estratégias para calar o sabotador interno
1. Reestruture pensamentos (Terapia Cognitivo‑Comportamental)
Identifique a distorção (“Vou ser abandonado”).
Questione evidências (“Quantas vezes meu parceiro deu sinais reais disso?”).
Substitua por pensamento funcional (“Não posso prever o futuro, mas posso comunicar o que sinto.”).
2. Micro‑exposição ao afeto
Semelhante a criar tolerância:
Combine encontros curtos e vá aumentando a duração.
Compartilhe algo ligeiramente vulnerável e observe que o mundo não acaba.
3. Rotina de autocuidado
Atividade física, sono e alimentação regulam cortisol e reduzem ansiedade social.
4. Rede de apoio
Terapia individual ou em grupo.
Comunidades online de desenvolvimento emocional.
Mentoria: alguém que já venceu esse padrão ajuda a encurtar caminho.
5. Objetivos escritos e mensuráveis
Transforme o vago “quero viver um relacionamento” em metas SMART:
Específico: marcar dois encontros por mês.
Mensurável: feedback sobre como me senti.
Atingível: um encontro pode ser café de 30 min.
Relevante: alinhado à meta de conexão.
Temporal: revisar a cada 60 dias.
Exemplo cotidiano
Imagine Ana, 32 anos, carreira sólida. Sempre que um parceiro sugere viajar juntos, ela inventa um compromisso de trabalho. Ao escrever seu diálogo interno, percebe que associa férias a perda de produtividade – valor central para ela. Depois de micro‑exposições (um fim de semana curto), viu que o trabalho não desmoronou e, surpresa, voltou mais criativa. Seu sabotador perdeu força porque a experiência contradisse a crença.
Conclusão: transforme o sabotador em aliado
O sabotador interno não é inimigo; é um vigia que ficou hiper‑reativo. Ao reconhecer seus gatilhos, questionar narrativas e agir intencionalmente, você o reeduca. Como dizia Viktor Frankl, “entre o estímulo e a resposta existe um espaço; nesse espaço reside nosso poder de escolher.” Use esse espaço a seu favor.
Chamada para ação
Pratique hoje o exercício de escrita livre e compartilhe nos comentários como foi.
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Sugestão de pergunta ainda melhor
“Como posso identificar os meus padrões específicos de auto‑sabotagem nos relacionamentos e criar um plano prático, passo a passo, para superá‑los?”
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